quinta-feira, 10 de outubro de 2013

FRAQUEZAS E MEDOS


É possível um ser humano não sentir medo? É possível qualquer coisa que respira não sentir medo da morte, do fim, da inexistência eterna? É possível alguém não sentir medo da doença, de suas fraquezas, das obviedades do mundo?

Esta semana relembrei que a morte está sempre por perto, que ela nos leva tudo, que o tempo de todos termina. Esta semana relembrei de minhas fraquezas, de meus medos, de minhas dores eternas. Como não sentir dor ao ver pais chorando a morte de filhos? Como não sentir medo de não se encontrar um fim para essa dor? Como não sentir medo das moiras do destino, que podem nos impor um futuro que não desejamos?

Tenho muitos medos, mas nenhum deles é maior do que o medo de mim mesmo, de minhas perguntas intermináveis, de minha alma sempre inconformada, de minha fé que me permite questionamentos até o limite da razão. Tenho medo de minhas fraquezas, de que os outros as descubram, de meus fracassos, de minha consciência de que um dia vou morrer, tenho medo de sentir medo, de um dia sofrer sem conseguir controlar meus sentimentos, tenho medo de perder o controle, de cometer erros que não consiga consertar.

Tenho medo do que sou capaz de pensar e sentir, das coisas que posso questionar, de minha falta de “normalidade” para duvidar e analisar tudo, de minha busca incessante de sentido. Tenho medo de um dia causar medo, de desmascarar as fraquezas de alguém, de revelar traumas que as pessoas não querem relembrar, de escrever linhas que provoquem reflexão em quem não pode refletir.

Minha fraqueza é ter tantos medos e não os respeitar, continuar apesar deles, questioná-los até o esgotamento do que é racional, até o limite do que se consegue aguentar. O reconhecimento das fraquezas retira o ser humano do mundo, o faz lutar não apenas por instinto, o transforma em fortaleza pela não aceitação.

Um dia ainda chego à pergunta final e inaceitável para a razão, ao fundamento último das coisas e da existência, ao que me transforma no que penso que sou. Há poucas coisas que ainda não consigo questionar, há poucos caminhos da alma que ainda não tenho coragem de percorrer, há poucas dúvidas que ainda não ouso perguntar. Tenho medo de muitas coisas, mas nada me aterroriza mais do que o poder dos medos e da aceitação das fraquezas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário