sábado, 26 de outubro de 2013

DOUTORADO EM LISBOA


Deixei o Brasil. E por isso neste mês escrevi menos aqui. Deixei o Brasil para fazer meu doutorado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em Portugal, lugar onde iniciei minhas pesquisas em Direito Penal, Criminologia e Políticas Criminais. Tenho bons mestres aqui.

O doutorado é bem diferente do mestrado: mais corrido, mais puxado, com mais aulas, mais leituras, mais seminários e apresentações. Os dias passam. Um internato de universidade, biblioteca e computador para escrever relatórios, resenhas e artigos. E os dias passam.

Minha rotina diária não é propriamente um sonho de consumo: 06 horas de leitura, mais 03 a 04 horas de aulas, mais 03 horas de escrita. Neste doutorado estou descobrindo como sou um pouco burro e muito ignorante. Tem pessoas muito especializadas em determinadas áreas do saber, que conseguem ler muito, saber quase tudo, acompanhar todas as publicações científicas sobre certo assunto.

Nunca achei que ia ser tão difícil deixar o Brasil, deixar Curitiba, me afastar do trabalho, se é que posso chamar ser polícia de trabalho. Adoro ser polícia, investigar, interrogar, ajudar, conhecer as pessoas e seus dramas. Aquilo é meu hobby, meu dom, meu passatempo, minha escola de vida.

Nunca achei que iria sentir tanta falta das pessoas do meu dia a dia, da minha rotina, das minhas missões. Fui tanto o Delegado Rafael Vianna, durante tanto tempo, que hoje não me reconheço mais longe da polícia, sem uma arma na cinta e uma carteira na mão.

Ainda assim, apesar de todas as dificuldades de adaptação, estudar é preciso e continuarei. É bom um tempo de afastamento, para não me embrutecer demais, um tempo para a reflexão, de ausência de poder, de meditação solitária com os livros, um tempo para ponderar mais do que agir.

No entanto, não achei que ia sentir tanto, que iria deixar tantas coisas, perder tantas oportunidades. Tomara que meus estudos possam servir para alguma coisa, para ajudar as pessoas, para melhorar a segurança pública no futuro, para me tornar uma pessoa melhor, mais compreensível com as fraquezas e dilemas humanos. Que um dia eu possa pagar a dívida que tenho com a sociedade e com Deus. Ele está sempre a me dar mais uma chance.  

3 comentários:

  1. Caro amigo tudo o que aprendemos nessa vida é valido, aproveite este momento de grande reflexão, com certeza esse aprendizado irá contribuir nas suas atividades quando retornar ao Brasil.
    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Sem uma arma na cinta e uma carteira na mão.... talvez seja isso que esteja faltando para o pensar verdadeiro em segurança publica no Brasil.

    Abraço;

    ResponderExcluir