Chega
de me esconder atrás de palavras que apenas constatam. Chega de ter medo do
confronto. Chega da minha zona de conforto onde não ofendo os paralisados e os maldosos.
Já fui longe demais para retroceder. Agora não tem mais volta.
Não
quero ser um articulista como Diogo Mainardi ou o Arnaldo Jabor, os quais nos
provocam a reflexão, alguns risos e nos causam fascínio com a beleza da
escrita, mas apenas constatam. Constatam e relatam os problemas do mundo, dos
homens, do poder, da vida. Diante da paralisia dos muitos, talvez seja
importante gritar tudo que está errado e que não tem sentido, mas não me basta.
Talvez seja outra época. Talvez eles tenham vindo para constatar e gritar as
incongruências, mas isso não é suficiente para mudar.
Às
vezes chego a admirar mais o político do que o intelectual. Ele se expõe,
tenta, perde-se, mas está lá. Claro que existem os que apenas têm interesses
obscuros desde o início, mas a maioria muda ao longo do caminho, com os
fascínios e os labirintos do poder. Só pode ser corrupto aquele que querem
corromper. Só pode delinquir aquele que tem condições reais para delinquir. O
crítico apenas aponta porque nunca estará lá para ser corrompido ou resistir,
nunca estará lá para mudar de verdade, para tentar outras formas, para poder
mudar. Então, com um intelectualismo covarde e blindado da corrupção ou dos
anseios humanos, critica, aponta, constata. E daí? Admiro mais quem se expõe ao
poder e à política, pois estes estão mais próximos de mudar e melhorar, ainda
que poucos façam. Ainda assim, estão mais perto de ajudar o mundo do que
aqueles articulistas, intelectuais, críticos e acadêmicos que nunca serão
corruptos ou criminosos, não por princípio, mas por total incapacidade e
insignificância no mundo real.
Sempre
costumei falar que quem sabe faz e quem não sabe ensina, não acreditando muito
nos que apenas ensinam. Se o professor universitário sabe tanto como fazer o
certo, por que não faz? Por que apenas mostra um caminho que ele nunca trilhou?
Admiro os professores que se expõem em cargos políticos, em funções de estado,
em administrações que lhe aproximam do fracasso. Admiro e preciso dessa
coragem. Preparação como uma fase da ação, não como um fim em si mesmo.
E
assim passo a escrever sobre o que é preciso mudar e como mudar. Isso para
preparar um caminho, para confrontar ideias, para sair do comum da simples
constatação.
Ótimo texto, me fez refletir bastante e mudar minha visão sobre a política. Obrigado por tê-lo escrito.
ResponderExcluir