terça-feira, 17 de setembro de 2013

O QUE FAZER DIANTE DE NOSSAS PARALISIAS?


Chega de me esconder atrás de palavras que apenas constatam. Chega de ter medo do confronto. Chega da minha zona de conforto onde não ofendo os paralisados e os maldosos. Já fui longe demais para retroceder. Agora não tem mais volta.

Não quero ser um articulista como Diogo Mainardi ou o Arnaldo Jabor, os quais nos provocam a reflexão, alguns risos e nos causam fascínio com a beleza da escrita, mas apenas constatam. Constatam e relatam os problemas do mundo, dos homens, do poder, da vida. Diante da paralisia dos muitos, talvez seja importante gritar tudo que está errado e que não tem sentido, mas não me basta. Talvez seja outra época. Talvez eles tenham vindo para constatar e gritar as incongruências, mas isso não é suficiente para mudar.

Às vezes chego a admirar mais o político do que o intelectual. Ele se expõe, tenta, perde-se, mas está lá. Claro que existem os que apenas têm interesses obscuros desde o início, mas a maioria muda ao longo do caminho, com os fascínios e os labirintos do poder. Só pode ser corrupto aquele que querem corromper. Só pode delinquir aquele que tem condições reais para delinquir. O crítico apenas aponta porque nunca estará lá para ser corrompido ou resistir, nunca estará lá para mudar de verdade, para tentar outras formas, para poder mudar. Então, com um intelectualismo covarde e blindado da corrupção ou dos anseios humanos, critica, aponta, constata. E daí? Admiro mais quem se expõe ao poder e à política, pois estes estão mais próximos de mudar e melhorar, ainda que poucos façam. Ainda assim, estão mais perto de ajudar o mundo do que aqueles articulistas, intelectuais, críticos e acadêmicos que nunca serão corruptos ou criminosos, não por princípio, mas por total incapacidade e insignificância no mundo real.

Sempre costumei falar que quem sabe faz e quem não sabe ensina, não acreditando muito nos que apenas ensinam. Se o professor universitário sabe tanto como fazer o certo, por que não faz? Por que apenas mostra um caminho que ele nunca trilhou? Admiro os professores que se expõem em cargos políticos, em funções de estado, em administrações que lhe aproximam do fracasso. Admiro e preciso dessa coragem. Preparação como uma fase da ação, não como um fim em si mesmo.

E assim passo a escrever sobre o que é preciso mudar e como mudar. Isso para preparar um caminho, para confrontar ideias, para sair do comum da simples constatação.

Um comentário:

  1. Ótimo texto, me fez refletir bastante e mudar minha visão sobre a política. Obrigado por tê-lo escrito.

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