quarta-feira, 7 de agosto de 2013

LEI SECA, LEI JUSTA?


As indústrias automobilísticas constroem carros velozes, fazem propagandas bonitas, alijam nossa economia e nosso pensamento de novas produções e possibilidades. Somos reféns dos carros, escravos, viciados que não conseguem ver outra forma de viver, de manter a economia, os empregos, os tributos. Somos viciados em carros, pois não podemos largá-los, uma vez que eles elegem e nos impedem de falar e pensar.

E sobra para quem? Para duas taças de vinho. Elas causam as mortes no trânsito, nossas tragédias e nossos fins. Poucos falam da velocidade como causadora e propulsora da violência no trânsito, ainda que seja lembrada vez por outra. Todos falam do álcool. Ocorre que existe uma diferença muito grande entre tomar duas taças de vinho em um jantar com seus avós e beber desenfreadamente a noite inteira em uma balada ou em uma festa rave. Existe uma diferença entre uma taça de vinho em uma refeição e um espírito doentio e indiferente à vida humana guiando em alta velocidade.

Por que construímos carros que podem chegar a 200 Km/hora se nossa lei apenas permite 110 km/hora? Por que nossos veículos fazem propaganda de que atingem maior velocidade em menor tempo, se o objetivo dos veículos não é desrespeitar as leis de trânsito que estabelecem limites reduzidos de velocidade? Já escrevi em outros artigos que carros velozes são feitos para correr e que não existe lógica alguma em nossa lei permitir que fabricantes de veículos construam carros velozes. Isso é contrário às leis.

Há diferença entre o completamente embriagado e que dirige em altíssima velocidade; e aquele que bebeu apenas duas taças de vinho e volta devagar e com cuidado redobrado para casa. Não defendo que o álcool não é perigoso ou não causa efeito nenhum nos sentidos e nos reflexos, mas aí também teremos que transformar em crimes as condutas de dirigir falando ao celular, trocando CD ou escolhendo a estação no rádio, levando crianças no banco de trás (que não param de gritar, brigar e diminuir nossa atenção) ou com sono. Tudo isso afeta nossa atenção e nossos reflexos no trânsito. Tudo isso é perigoso e não recomendado.

O que falta para a tragédia? A velocidade. É ela que mata. É ela o fator comum em todos os acidentes graves, com mortes, que mutilam. Some velocidade, álcool e um espírito doentio e indiferente à vida, e teremos uma tragédia. Mas a lei não diferencia quem tomou duas taças de vinho em um jantar com os avós e quem bebeu a noite inteira e sai dirigindo loucamente em alta velocidade. Com um pouco de álcool no sangue qualquer um é considerado criminoso, preso, multado, proibido de dirigir. A velocidade é diferente, pois carros velozes fazem parte de nossos sonhos.

Um comentário:

  1. Genial o texto Rafael! Não sei a fundo sobre as leis referentes ao assunto, mas me parece mais coerente a medida antiga que possuia uma porcentagem alcoolica permitida no sangue (que diferenciava a taça de vinho com os avós de uma bebedeira na balada). O problema da medida antiga é que não havia fiscalização. Agora mudam a regra para tolerância zero e começam a fiscalizar... não poderiam ter simplesmente começado a fiscalizar? Vai entender...

    ResponderExcluir